terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Cega-surda-muda


Quando me beijaste
Concentraste em mim todos os beijos
Os que já deste
E até os que não deste, os que ficaram imaculados e reservados por aquele a quem chamaram tempo.

Reuniste todas as melodias
Para me ensurdecer os ouvidos,
Ou para me calar os lábios.
Talvez para que passasse a prestar-te só atenção a ti…

Egoísta! Ordenaste e fizeste-te o microfone e as colunas – tudo ao mesmo tempo – só para me prender o olhar vazio, a voz despida no íntimo do teu ouvido.

Beijaste-me nua
Assim me deixaste:
Cega-surda-muda.

2 comentários:

  1. Olá Prima

    Eu sei que são os teus sentimentos, a tua dor, mas, se bem entendi, é uma coisa que acontece a quase toda a gente, tirarem-nos o tapete debaixo dos pés. Não só acontece a quase toda a gente gente, como DEVIA acontecer pelo menos uma vez na vida. Doi, mas ensina-nos, faz-nos ver que coisas aparentemente eternas podem ser efémeras, que as coisas nem sempre são aquilo que parecem. Enfim, é um lugar-comum da vida de toda a gente, qualquer pessoa que o ler se pode identificar com ele. Não estou a dizer mal nem a dizer que é vulgar, és humana, tens sentimentos humanos e escreves sobre eles. São os locais que no fundo são iguais em todos nós, lá dizia o Godinho. Mas obviamente há maneiras e maneiras de dizer as coisas, e aí é que está o valor.

    Já agora um àparte, não é que eu perceba muito disto, mas procura tornar os teus poemas intemporais, ou seja, não os ligues a uma época. Não é que seja necessário, mas há textos que nunca se desactualizam, que tanto podiam ter sido escritos hoje como há 30 séculos atrás. Portanto, falar de microfone e colunas localiza o teu poema no tempo, portanto limita-o. Como disse, é uma opção e muita gente não se preocupa com ela.

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  2. obrigada, vou ter em conta a sugestão. Tens razão toda a razão. e este blog e estes poemas são só a minha forma de ver a vida, só que transcritos para os versos. não quero mais nada, nem escrevo com outro qualquer objectivo - imortalidade - mas se forem recordados por pessoas importantes para mim, melhor. vou tentar não aplicar a limitação do tempo. se tiveres mais alguma critica é bem vinda. as criticas são construtivas ;)
    como sabes não custumo escrever tão directamente sobre o q sinto. por comparações e discretamente la vou subentendendo o q penso. este poema foi excepção. escrevi e decidi publicá-lo. E ao contrario do q te possa parecer não fala de nenhum desgosto amoroso, muito pelo contrario. descreve um momento bom da minha vida ;) o "egoista" é no bom sentido, "cega-surda-muda" foi uma sensação, uma sensação positiva para mim. Não há nada com q preocupar. vou escrever-te. beijinhos e saudades

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