terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Cega-surda-muda


Quando me beijaste
Concentraste em mim todos os beijos
Os que já deste
E até os que não deste, os que ficaram imaculados e reservados por aquele a quem chamaram tempo.

Reuniste todas as melodias
Para me ensurdecer os ouvidos,
Ou para me calar os lábios.
Talvez para que passasse a prestar-te só atenção a ti…

Egoísta! Ordenaste e fizeste-te o microfone e as colunas – tudo ao mesmo tempo – só para me prender o olhar vazio, a voz despida no íntimo do teu ouvido.

Beijaste-me nua
Assim me deixaste:
Cega-surda-muda.