sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Podias ser astronauta


1- Podias ser astronauta
Para me levares a voar;
2- Podias ser mecânico
Preciso de ir à revisão;
3- Podias ser costureiro
Para remendar meu coração;
4- Podias ser médico
Para me curar deste vício de ti;
5- Podias ser instrutor
Para me ensinares a guiar a vida;
6- Podias ser compositor
Para inventares uma letra;
7- Podias ser farmaceutico
E orientar um Xanax;
8- Podias ser secretário
E dar-lhe uso;
1- Podias ser astronauta
Para me levares a voar;
2- Podias ser cozinheiro
Só sei improvisar um ovo estrelado;
3- Podias ser surfista
Para me enrolares na onda;
4- Podias ser bruxo
Eu era a bola de cristal;
5- Podias ser carteiro
Eu pedia-te para entregares um Post It ao Obama;
6- Podias ser engenheiro
E eu a pedreira
Para contruir um canto nosso
Mas com baloiço e escorrega
Para voltar a ser criança;
7- Podias ser sonhador
Eu encontrar-te-ia no fim do mundo;
8- Podias ser jardineiro
É que as minhocas andam a comer as minhas dálias;
1- Podias ser astronauta
Para me levares a voar;
2- Podias ser o Dalai Lama
Para te seguir na meditação;
3- Podias ser prostituto
Eu pagava com juros a tempo inteiro;
4- Podias ser filósofo
Porque eu ideializaria a utopia contigo;
5- Podias ser paparazi
Eu fotografava-te a seguir - o teu sorriso.
1- Podias ser astronauta
Para me levares a voar (...)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Dani, uma criança selvagem

É o caso de uma menina chamada Dani, uma “criança selvagem” mantida pela sua mãe, Michelle, num espaço do tamanho de um closet e rodeada de putrefacção.

Danielle foi encontrada num espaço onde estavam espalhados pelas paredes e pela carpete urina e fezes (excrementos de cães, gatos e humanos). O compartimento tinha cortinas esfarrapadas, amareladas pelo fumo de cigarros. As janelas estavam sujas, as rachas nos vidros estavam vedadas com pedaços de cartão e retalhos de edredão velho. Havia lixo e sujidade num divã, supostamente onde a criança repousava. Havia baratas a passearem pelo chão, pelas paredes e até pelo tecto. Estes bichos “estavam nas luzes, na mobília. Até dentro do congelador!” A criança estava minada de piolhos e a sua pele estava coberta de picadas de insectos, erupções cutâneas e feridas. Foi encontrada nua (apenas com uma fralda), a roupa estava enrodilhada e manchada de fezes e os seus brinquedos estavam consumidos por larvas e baratas.

“- Como descrever estas imagens que me alucinam a cabeça? São de facto reais? Imagens como estas existem mesmo neste mundo?
- Sim.
- De certeza?
- Sim, acredita. Estão diante dos teus olhos, queres mais provas?
- Não. ”

É que esta criança já tinha olhado pela janela. Já tinha visto o mundo de dentro para fora. E ao que parece houve quem a visse e testemunha-se a sua existência, telefonando para a polícia. Enfim, passados 7 anos foi encontrada.

Esta noite Danielle pareceu conversar comigo e deixou a sua mensagem: talvez todos devêssemos estar mais atentos e olhar mais fundo nos olhos uns dos outros. Talvez haja quem precise urgentemente de ser resgatado e amado.

Hoje Dani está numa família de acolhimento. Como devem imaginar, ela foi encontrada sem o mínimo de educação ou sociabilização, devido à privação do contacto com outros humanos. Ainda assim, "desadequada", houve quem a acolhesse e lhe devolvesse a vida.
É de louvar esta capacidade de ensinar e amar incondicionalmente! É de louvar a sensibilidade e o lado esquerdo inerente à espécie humana!
11/11/2009

Coca-cola


Como uma garrafa de coca-cola
Contendo coca
Viciante, arrasadora,
Contendo CO2
Que me faz respirar,
E de conteúdo negro
Porque absorve todas as cores
Todas as chamas, todas as loucuras,
O rótulo não importa
Que é o que nos distancia
Mero papel plastificado que nada tem que ver com o interior.

Data "desde 1886".
Que importa?.
Números? Sim. Nada mais.

Deixa eu tirar a carica
Para me refrescar,
Deixa eu ansiar pela sua melodia
E escutá-la; deixa eu beber ela.
E cravar sua rolha no meu estômago...
Sim. Você me faz extremecer.
Faz rodopiar minha barriga, meu umbilico.
Me faz respirar de uma outra forma - A Borbulhar!
Nossa qué isso?